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Seminário discute impactos do racismo na saúde da mulher negra em Salvador
Fotos: Jefferson Peixoto/Secom PMS
Reportagem: Priscila Machado e Iann Jeliel/Secom PMS
Na manhã desta quinta-feira (25), Dia Municipal da Mulher Negra em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizou o seminário “Racismo na Saúde da Mulher Negra”. Voltada para os profissionais da saúde pública, a atividade ocorreu na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, no Cabula.
Joana Carvalho, médica e técnica no Campo Temático de Saúde da População Negra e uma das organizadoras do evento, explicou que o seminário visa refletir sobre o impacto do racismo institucional na saúde das mulheres negras e as interações com serviços e políticas de cuidado. O objetivo é discutir a criação de políticas públicas para garantir o direito à saúde com equidade para as mulheres negras.
A enfermeira e técnica da SMS, Catiane Lopes, destacou a importância de reconhecer e valorizar o papel das mulheres negras na saúde e na luta pelos direitos da população negra. “É crucial que tragam essas mulheres para esses espaços, reconhecendo seu trabalho e a importância da luta coletiva na efetivação das políticas do SUS”, disse.
Enfrentamento – Uma das palestrantes, a professora da área de Epidemiologia no Instituto de Saúde Coletiva (ISC/Ufba), Dandara Ramos, ressaltou que a principal forma de construir estratégias de enfrentamento do racismo é conhecer cada vez mais os seus mecanismos. “Quanto mais sabemos identificar as formas como o racismo se manifesta, mais capacitados nos tornamos para enfrentá-lo. Portanto, ter eventos como este de forma recorrente, onde conversamos com profissionais, pensadores, cientistas, pessoas da gestão, e quem está fazendo a saúde acontecer no município de Salvador, é de crucial para aprimorar as estratégias de combate às desigualdades”, avaliou.
A assistente social da SMS, Caroline Ramos, declarou ser essencial considerar o contexto histórico para entender os desafios enfrentados na saúde da mulher negra. “Nós, mulheres negras, representamos 54% das mulheres do Brasil e somos 80% das mulheres em Salvador. No entanto, não estamos em dados de áreas importantes. Pelo contrário, somos maioria entre as pessoas desempregadas, vítimas de violência obstétrica nas maternidades de Salvador e casos de HIV/Aids. Os dados revelam uma desigualdade racial preocupante e destacam a necessidade de políticas públicas em educação e saúde para melhorar essas condições e promover futuros avanços,” alertou.
Reconhecimento e valorização – Agente comunitária de saúde há duas décadas, Lidiomar Sacramento se surpreendeu com o conteúdo da palestra e destacou a importância de discutir o tema. “O reconhecimento e a valorização da população negra são fundamentais, não só pelo histórico, mas pelo ser humano que somos. Eu mesma venho de uma família humilde, batalhei muito para crescer e estar onde estou. Então, é gratificante entender o que aconteceu historicamente para reconhecer minha trajetória e valorizar o que sou hoje”, reflete.
A data também marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que lutou contra a escravização no Brasil. Estas comemorações integram a oitava edição do “Julho das Pretas”, um mês dedicado à valorização das mulheres negras e as lutas contra o racismo.