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POLÍCIA

COMPLETO: Fraude de R$ 45 mi obrigava estudantes a usar ônibus precários na Bahia

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O esquema de fraudes em licitações para o transporte escolar identificado em 35 prefeituras baianas, e que teria desviado, pelo menos, R$ 45 milhões da União, pôs em risco a vida de milhares de estudantes, que eram obrigados a utilizar veículos precários para chegar à escola.

Além disso, os líderes do esquema costumavam bancar políticos em campanhas eleitorais e dava as cartas em decisões do Legislativo e Executivo em algumas cidades.

As revelações foram feitas nesta quinta-feira (23), quando o esquema começou a ser desmontado durante a Operação Lateronis, realizada por 180 pessoas, entre agentes da Polícia Federal e auditores da Controladoria-Geral da União (CGU).

“A maioria do transporte era feita por meio de kombis e ônibus precários, sem quase segurança alguma. Em muitas cidades, o transporte chegava a menos da metade da linha que tinha de fazer, o que forçava os alunos a terem de se deslocar por conta própria para as escolas, e alguns deixavam de ir”, afirmou o delegado-chefe da PF em Vitória da Conquista, Rodrigo Kolbe.

Principal alvo da operação, a Cooperativa Mista de Transporte e Manutenção Funcional do Vale do Rio Pardo (Transcoopardo) atuava com registro empresarial que não era dela.
Além da Transcoopardo, também faziam parte do esquema uma outra cooperativa de transporte e uma empresa do mesmo ramo, e cujos nomes não foram revelados.

Políticos presos
Dos nove mandados de prisão preventiva, a PF não conseguiu cumprir apenas um. Quatro envolvidos foram presos temporariamente e treze pessoas tiveram expedidas contra elas medidas cautelares, como proibição de frequentar prefeituras.

Entre os presos, estão ex-secretários, ex-vereadores, um ex-assessor de um deputado federal, funcionários das cooperativas e ex-servidores municipais. Os nomes não foram divulgados.

PF cumpriu mandados em 16 cidades baianas e uma mineira nesta quinta (Foto: Divulgação/PF)

Houve ainda o cumprimento de 41 mandados de busca e apreensão, realizados nos endereços onde os suspeitos residiam, mantinham empresas fantasmas e nos escritórios de atuação. O cumprimento dos mandados ocorreu em 16 municípios baianos e na cidade mineira Mata Verde.

Na Bahia, os endereços ficam nas cidades de Barra do Choça, Cândido Sales, Condeúba, Encruzilhada, Ribeirão do Largo, Gandu, Itambé, Jequié, Vitória da Conquista, Piripá, Tanhaçu, Ipirá, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Formosa do Rio Preto e Salvador. Na capital e em Vitória da Conquista foram realizadas apenas apreensões – não há envolvimento das prefeituras no esquema.

Período
As fraudes, segundo a superintendência da CGU na Bahia, ocorreram entre 2010 e 2016 e começaram a ser investigadas pelo órgão federal em 2013.

O valor dos contratos com as 35 prefeituras foi de R$ 132 milhões, sendo R$ 11 milhões do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) e R$ 52 milhões do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), ambos do Ministério da Educação.

O restante é de contrapartida das prefeituras. A polícia informou que ainda há contratos vigentes, mas que, a princípio, as atuais administrações não sabiam das fraudes.

CNPJ de gráfica
Um dos contratos apontados pela Polícia Federal e pela CGU como fraudados é o realizado entre a Transcoopardo e a Prefeitura de Itambé, em 2014, no valor de R$ 1,6 milhões, pelo prazo de oito meses.

Nele aparece como sendo da Transcoopardo o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) de uma gráfica de Vitória da Conquista, cujo dono Reinaldo Rosendo Souza, 64, afirmou nunca ter ouvido falar da cooperativa.

A gráfica, na verdade, funciona em frente ao endereço registrado na Receita Federal, e o imóvel do endereço, no bairro Ibirapuera, é alugado para moradia pelo dono. A gráfica não foi alvo da operação desta quinta-feira.

“Estou surpreso com essa informação, pois nunca ouvi falar dessa cooperativa”, disse Rosendo, que informou já ter prestado serviços para a prefeitura de Itambé “há uns dois anos”.

“Pode ter sido a prefeitura que passou meus dados, ou outra pessoa lá de dentro, não sei”, afirmou Rosendo ao CORREIO.

Ele suspeita também de um antigo inquilino que trabalhava com o transporte de vãs em Vitória da Conquista e morava no endereço do imóvel. “Ele se mudou há um ano e nunca mais o vi”, comentou.

Aberta em 5 de março de 2013 com capital de R$ 700 mil, a Transcoopardo tem como presidente João Francisco da Rocha Nande e diretores Hélio Francisco Brito e Alekson Garcia Leal. A sede da empresa é no bairro Sidney Pereira de Andrade.

Segundo a Polícia Federal, o núcleo do grupo responsável pelas fraudes tinha bases em Itambé e Encruzilhada. Um dos líderes é um ex-prefeito de Ribeirão do Largo, que não teve o nome revelado e a PF não informou em que gestão ele governou a cidade.

Operação apreendeu armas, drogas, além de montante de dinheiro na operação (Foto: Divulgação/PF)

O CORREIO tentou contato com a Transcoopardo, mas a funcionária da cooperativa disse por telefone que não havia ninguém que poderia dar informação. A reportagem ainda solicitou o contato do setor jurídico, mas ele foi negado.

A cooperativa vem realizando contratos com prefeituras da Bahia por valores diversos, sendo que alguns deles ainda estão vigentes, como em Cotegipe, onde foi contratada em 24 de maio deste ano por R$ 596.500. O contrato é de um ano.

Chama a atenção também um contrato da Transcoopardo emergencial de 90 dias com a Prefeitura de Barreiras, em 2 março deste ano. Dias após a assinatura do contrato, a Prefeitura publicou uma errata informando que o valor de R$ 350.784 necessitava de correção “por lapso de digitação”, tendo sido alterado para R$ 1.019.720.

Controle político
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, autoridades da PF e da CGU na Bahia disseram que o grupo de políticos e empresários suspeitos das fraudes no transporte escolar em 35 prefeituras da Bahia mandava e desmandava nos poderes Executivo e Legislativo de algumas dessas cidades.

Eles nomeavam secretários, escolhiam candidatos a prefeito e vereador, financiavam campanhas eleitorais por meio de caixa 2 e decidiam até qual gestor teria as contas aprovadas, ou não, por parte da Câmara de Vereadores.

Para realizar o esquema, os envolvidos criaram duas cooperativas de transporte escolar e uma empresa do mesmo ramo para participar de licitações das prefeituras e aparentar que estava tendo concorrência, mas já definido quem ganharia a licitação.

Metade do serviço
Após assinar os contratos, as cooperativas terceirizaram os serviços para os quais foram contratadas e deixavam de realizar até metade do acertado, o que prejudicava o acesso de alunos da zona rural à educação.

Segundo o superintendente da CGU na Bahia, Ronaldo Machado, o núcleo do grupo mantinha endereços de fachada em outras cidades, como em Barra do Choça, onde o endereço de uma das empresas funcionava uma lan house.

Em Encruzilhada, segundo a CGU, além de exigências ilegais e restritivas nos editais de licitações, apurou-se que os próprios certames eram conduzidos para impedir a participação de outros interessados.

O CORREIO apurou que, na segunda-feira (20), a Transcoopardo teve um pedido de impugnação de edital aceito pela prefeitura de Ibirapitanga, em uma licitação para o transporte escolar para o ano de 2018.

Segundo a apuração da CGU, a prefeitura de Encruzilhada também utilizou de artifícios como a realização de sessões de abertura de licitações na modalidade pregão presencial em dia de ponto facultativo, como de quarta-feira de cinzas e dia posterior ao natal.

Como resultado, três supostas concorrentes do pregão presencial foram representadas por membros de um mesmo grupo familiar, evidenciando tratar-se de mera simulação de competição, informou a CGU.

Além disso, a execução dos contratos ocorria por meio da irregular subcontratação integral do serviço. Os motoristas realizavam o transporte com os próprios veículos e não eram nem cooperados nem empregados, tendo que arcar com todos os custos.

As contratadas atuavam apenas como pessoas interpostas, sendo que o desvio de recursos ocorria mediante o superfaturamento dos valores cobrados do município. Em Itambé, também alvo de fiscalização da CGU, constatou-se superfaturamento total de mais de R$ 1,5 milhão, nos exercícios de 2013 a 2015.

Os envolvidos responderão pelos crimes de peculato, organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e fraude à licitação.

Nome da operação
A operação foi batizada de Leteronis numa referência aos soldados da Roma Antiga que guardavam as laterais e as costas do imperador e que, de tanto estarem ao lado do poder, passaram a acreditar que eram o próprio poder e que podiam atuar de forma impune ao cometerem delitos contra os mais pobres.

 

Fonte: Correio

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Com 10 mil atendimentos em um ano, Batalhão de Policiamento de Proteção à Mulher ganha nova sede e reforça rede de enfrentamento

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Criado em maio do ano passado pelo governador Jerônimo Rodrigues para reforçar a atuação da Operação Ronda Maria da Penha, o Batalhão de Policiamento de Proteção à Mulher (BPPM) ganhou uma nova sede nesta quinta-feira (16), em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). A cerimônia de inauguração contou com a presença do comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, da secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Elisângela Araújo, e da comandante do BPPM, a tenente-coronel Roseli de Santana Ramos, primeira policial militar da história da corporação a comandar um batalhão.

“Essa é uma das metas do governo Jerônimo ao criar o Batalhão, e hoje temos a grata satisfação, completando um ano, de inaugurar sua sede. Tenho certeza de que isso irá se estender a todos os rincões do estado, porque aqui passa a ser um pólo doutrinário, como foi em 2023 e, agora em 2024, essa extensão será maior ainda, levando proteção às mulheres, à vulnerabilidade do gênero feminino, orientando e fazendo com que, cada vez mais, essa segurança chegue na ponta”, explicou Coutinho.

Com o objetivo de salvaguardar a vida de mulheres que possuem medidas protetivas de urgência expedidas pela Justiça e encaminhadas pelas Varas de Violência Doméstica e Familiar, o BPPM já realizou quase dez mil atendimentos desde a sua criação e, atualmente, assiste a 2.600 mulheres. A unidade conta com um efetivo de 70 policiais militares que atuam na capital baiana e RMS.

“Como está crescendo de forma muito elevada o número de feminicídios e de violência doméstica em todo o país, a criação de uma unidade que ajudará a proteger e enfrentar a violência doméstica na Bahia é de extrema importância, assim como as 22 Rondas Maria da Penha que estão espalhadas pelo estado”, afirmou a tenente-coronel Roseli.

Ainda de acordo com a comandante do Batalhão, que funcionava na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), no bairro de Periperi, na capital baiana, a unidade atua com o pós-medida protetiva de urgência. “No acompanhamento do cumprimento dessas medidas protetivas pelo agressor, pelo causador da violência doméstica, esse é o nosso enfrentamento, encaminhando os relatos para varas especializadas, para que, diante dessas informações, elas possam trabalhar a prisão preventiva ou imediata do agressor quando ele descumpra qualquer uma das medidas descritas”, explicou a comandante.

Para a secretária de Políticas para as Mulheres da Bahia, a criação do BPPM foi uma ação inovadora ao unificar todas as iniciativas dentro do sistema de segurança do Estado na proteção, enfrentamento e combate a todo tipo de violência contra as mulheres. “Estamos celebrando essa política pública, essa iniciativa e esse equipamento tão importante. Isso só reforça as nossas ações para que, de fato, possamos reduzir, cada vez mais, os índices de violência, principalmente de feminicídios, que ainda vem acontecendo com muita intensidade em nosso estado”, afirmou Elisângela.

As mulheres que decidem romper o ciclo da violência ou estão em uma situação de urgência e emergência devem ligar para o 190 ou ir até uma delegacia para prestar queixa. Na unidade, elas podem solicitar medida protetiva.

Repórter: David Mendes/GOVBA

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Bahia registra redução de 8,7% em mortes violentas e 25 fuzis são apreendidos desde janeiro

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A Bahia registrou uma redução de 8,7% no índice de mortes violentas (homicídio, latrocínio e lesão dolosa seguida de morte) entre janeiro e maio de 2024, quando comparado ao mesmo período de 2023. O índice foi apresentado nesta quarta-feira (15), durante coletiva realizada pela Secretaria da Segurança Pública, no Centro Administrativo, em Salvador.

O secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, frisou que as forças policiais e do Corpo de Bombeiros atuam de forma incessante para garantir maior proteção para os baianos. “Ampliamos os investimentos em tecnologia e realizamos ações baseadas na inteligência com total integração, a fim de combater o crime organizado, garantindo a preservação de vidas – nosso maior patrimônio”, explicou o gestor.

De janeiro a maio deste ano, foram registrados pela Polícia Civil 1.746 casos, contra 1.912 ocorrências nos primeiros meses de 2023. Em números absolutos, 166 vidas foram preservadas.

A redução do número de prisões foi de 4% em relação a 2023, com 6.141 pessoas presas – 37 delas lideranças de facções criminosas. De acordo com a SSP, das pessoas presas 320 eram foragidas da justiça e foram localizadas por câmeras de reconhecimento facial.

O comandante-geral da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), Paulo Coutinho, atribui os resultados à coragem e ao compromisso dos policiais militares com a segurança da população baiana. “Eu destaco, sobretudo, a coragem da nossa tropa, o devotamento, o compromisso com a sociedade no sentido de dia a dia. Vamos, cada dia mais, retirar armas de circulação, principalmente as ilegais, que têm trazido morte e sangue para o nosso estado”, enfatizou.

As forças de segurança já apreenderam, desde janeiro, 25 fuzis e 2.169 armas. O titular da Segurança Pública, Marcelo Werner, disse, ainda, que o trabalho integrado, não só com as forças de segurança da Bahia, mas, também, com a Polícia Federal tem ampliado as investigações para identificação das rotas de tráficos de armas no estado.

“Ano passado, a Polícia Federal fez uma operação chamada Dakovo, que identificou rotas [de armas] que vinham do leste europeu, chegavam ao Paraguai e, a partir do Paraguai, chegavam ao sudeste e nordeste. É lógico que nós temos outras investigações em andamento. Essas investigações, inclusive, foram responsáveis para que a gente pudesse alcançar 55 fuzis apreendidos em 2023”, detalhou o secretário de Estado.

Heloísa Brito, delegada-geral da Polícia Civil, reforçou: “estamos trabalhando muito na questão do bloqueio dos recursos, porque o armamento continua entrando. Nessa ação conjunta, não só com a Polícia Civil, Polícia Militar, mas, também, com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, estamos impedindo e dificultando a entrada no nosso estado tanto de drogas quanto de armas”.

A Segurança Pública também apresentou redução de 14,6% nos roubos de veículos, 10,5% no número de furtos de veículos; 27,1% nos roubos de ônibus e 85,7% em roubo a bancos.

Fonte: Ascom/SSP-BA, com informações da repórter Milena Fahel/GOVBA

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Governo do Estado paga R$ 39 milhões para 21 mil policiais por redução de mortes violentas

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O Prêmio por Desempenho Policial (PDP) corresponde à diminuição das mortes violentas no 2° semestre de 2023

O Governo do Estado concede nesta terça-feira (14), cerca de R$ 39 milhões, através do Prêmio por Desempenho Policial (PDP), para policiais militares, civis e peritos que reduziram em 6% as mortes violentas na Bahia, no 2° semestre de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

No total, 21.145 servidores das Forças da Segurança receberão o PDP. Destes, 17.232 são PMs, 2.488 integram a Polícia Civil, 862 atuam no Departamento de Polícia Técnica e 563 na estrutura da Secretaria da Segurança Pública.

Dentre as 52 Áreas Integradas da Segurança Pública (Aisp), 27 apresentaram redução das mortes violentas (homicídio, latrocínio e lesão dolosa seguida de morte).

“Fechamos 2023 com diminuição de 6% das mortes violentas, índice estipulado pelo PDP. Este ano, o trabalho segue intensificado e estamos com queda de 9%. Seguiremos com foco na preservação da vida”, enfatizou o secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner.

Fonte: Ascom/SSP

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