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Geddel é sócio de seis prédios de luxo na BA, diz empreiteiro
Empresas do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) têm participação societária em, pelo menos, seis empreendimentos imobiliários de luxo em Salvador.
A informação foi confirmada pelo proprietário da empreiteira baiana Cosbat, Luís Fernando Machado Costa Filho, em depoimento à Polícia Federal na última semana.
Entre os empreendimentos está o residencial “La Vue”, prédio que foi alvo de polêmica no final do ano passado após o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, pedir demissão alegando ter sofrido pressões de Geddel para liberar as obras do empreendimento.
A polêmica resultou no pedido de demissão de Geddel da Secretaria de Governo. Na época, a Folha de S.Paulo revelou que parentes do então ministro atuaram em defesa do empreendimento junto ao Iphan, órgão de proteção ao patrimônio.
Também consta entre os empreendimentos do qual Geddel é sócio o Residencial Costa España, construído pela Cosbat em parceria com a OAS no bairro de Ondina, em Salvador.
Em janeiro deste ano, reportagem de “O Globo” revelou mensagens de um celular apreendido na Operação Lava Jato que mostram que Geddel atuou junto ao prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), em favor do empreendimento.
“Não esqueça daquela oportunidade para concluirmos aquela conversa sobre o Costa Espanha. Estou precisando definir aquele tema”, disse Geddel em mensagem a Léo Pinheiro, sócio da OAS.
Em mensagem a outro interlocutor, Pinheiro disse: “Nosso amigo GVL (Geddel Vieira Lima) pede pata (sic) vc ligar para Luis. Teve com o baixinho (ACM Neto) e está liberado o Costa Espanha”. Na época, Geddel negou que fosse sócio do empreendimento.
Além do La Vue e do Costa España, Geddel tem participação em outros quatro empreendimentos da Cosbat, informou o empreiteiro Luis Fernando Machado Costa Filho. São eles o Riviera Ipiranga, Solar Morro Ipiranga, Mansão Grazia e Garibaldi Tower.
O “La Vue” foi o único dos seis empreendimentos no qual o investimento foi feito por meio da aquisição de frações ideais, que posteriormente seria transformada na reserva de um dos apartamentos do prédio, hoje embargado.
Nos outros cinco prédios, o investimento foi feito por meio de cotas de participação, que variaram entre 5% e 20% do valor total do empreendimento.
Além de Geddel, o deputado federal Lúcio Veira Lima (PMDB) também é sócio de empreendimentos da Cosbat: Morro Ipiranga, Mansão Grazia e Garibaldi Tower.
O depoimento de Costa Filho foi tomado em meio às investigações do bunker de R$ 51 milhões, atribuído pela PF ao ex-ministro.
Nesta segunda (27), a polícia enviou seu relatório para o Supremo e apontou que há indícios suficientes de que Geddel, Lucio e a mãe cometeram os crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Dois ex-assessores dos peemedebistas também foram implicados.
DINHEIRO EM ESPÉCIE
As aquisições das cotas de participação foram feitas por meio das empresas “M&A Empreendimentos” do qual Geddel é sócio e a “Vespasiano Empreendimentos”, que tem Lúcio como um de seus donos. A mãe de Geddel e Lúcio, Marluce Vieira Lima, é sócia das duas empresas.
Segundo o empreiteiro, a empresa de Lúcio investiu entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão na aquisição das cotas de participação dos empreendimentos e a empresa de Geddel investiu, ao todo, R$ 10 milhões.
No caso dos aportes de Geddel, R$ 5 milhões foram pagos por meio de cheques da empresa e os outros R$ 5 milhões foram pagos em dinheiro em espécie. Os valores estão contabilizados e registrados no setor financeiro da Cosbat, diz o empreiteiro.
Machado Costa Filho ainda afirmou no depoimento que retirou os cheques e o dinheiro em espécie no apartamento de Marluce Vieira Lima, mãe de Geddel.
Ele diz que, entre 2011 e 2016 esteve mais de dez vezes no apartamento dela para receber o dinheiro. Contudo, afirma que a mãe de Geddel dizia que os recursos eram oriundos de atividades agropecuárias da família.
Machado Costa Filho também negou que Geddel e Lúcio tenham atuado politicamente para liberar alvarás e licenças para o empreendimento.
As idas do empreiteiro ao apartamento da mãe de Geddel para receber dinheiro foram confirmadas em depoimento pelo secretário parlamentar Job Brandão, que atuava como uma espécie de secretário pessoal da família Vieira Lima, para qual realizada serviços domésticos.
Segundo Job, ele era responsável por contar o dinheiro e repassar para Machado Costa Filho. Os valores variavam de acordo com o empreendimento. Ele diz lembrar que R$ 1,4 milhão foi destinado o “Costa España”, R$ 2 milhões para o “La Vue” e R$ 3 milhões para o “Mansão Grazia”.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Geddel e Lúcio Veira Lima, que não atendeu às ligações. A reportagem também procurou a OAS, que não respondeu até as 19h30.
Fonte: BNews