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Racismo Ambiental

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Racismo ambiental

O racismo é uma das práticas mais abomináveis nas relações humanas, que tem atravessado gerações.

Apesar das manifestações do racismo estarem geralmente associadas a discriminação pela cor da pele e intolerância religiosa, ou culturais, que historicamente são discriminadas, existem outras formas de racismo que abrangem questões mais sutis e profundas, como por exemplo, a territorialidade.

Este tipo de discriminação territorial é uma das multifaces do racismo, e é chamada de racismo ambiental.

O racismo ambiental é o principal causador da injustiça social, já que suas ações atingem principalmente os grupos mais vulneráveis.

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Para se identificar o racismo ambiental é preciso entender o contexto social, a partir do estudo de caso da realidade socioeconômica destes grupos, para então, compreendermos fatores, como a falta de acesso a direitos fundamentais, tais como, emprego, moradia, água, saneamento básico, saúde, educação, segurança pública dentre outros.

O Estado, que deveria garantir estes direitos básicos a todos os cidadãos, tem sido o principal praticante deste racismo ambiental, a partir do aparelhamento de sua estrutura colocada a serviço de grupos econômicos, que detém a concentração de mais de 90% da renda do país, nas mãos de apenas 06% de uma população com mais de duzentos e dez milhões de habitantes.

As políticas públicas desenvolvidas nas áreas essenciais, em que o Estado deveria ser o garantidor, com o atual governo brasileiro, os investimentos vem sendo reduzidos ou retirados, como por exemplo, as políticas públicas de moradia, saneamento básico, defesa do meio ambiente, em todas as suas diversidades.

Os povos tradicionais como os indígenas, quilombolas, e outros grupos mais vulneráveis estão sendo vítima, deste racismo ambiental e estrutural imposto pelo atual governo.

Essas violações de direitos ocorrem tanto no campo, quanto no meio urbano.

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Robert Bullard, sociólogo, escreveu em um artigo de janeiro de 2005, na revista Cop21, que o racismo ambiental tem uma correlação direta entre a exploração da terra e a exploração das pessoas:

“De forma geral, os indígenas é a parte da população que se defronta com algumas das piores formas de poluição, entre elas a do mercúrio usado nos garimpos, e as populações marginais que vivem perto dos lixões e aterros sanitários, incineradores e de outros tipos de operações perigosas praticadas pelas empresas mineradoras. A poluição industrial se manifesta também, no aleitamento materno das mães das grandes cidades como São Paulo ou Nova Iorque”.

As principais vítimas do racismo ambiental são as populações pobres e negras, além de indígenas, quilombolas e outros grupos “étnicos e racialmente excluídos dos processos de participação política, e em desvantagem econômica”.

A tomada dos territórios para a realização de empreendimentos, através de um processo de desapropriação do campo, de alteração do modo de vida desses povos dentro do próprio território ocorre porque há um modelo de desenvolvimento dominante, que impõe um processo de expropriação de terras que geralmente não oferece aos moradores outra alternativa, a não ser, a de sair do seu local de origem.

Outros desafios que as populações enfrentam nesses processos, são os casos de abuso e exploração sexual, e precarização de mão de obra.

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O racismo ambiental também pode ocorrer no meio urbano, por meio de práticas ofensivas ao meio ambiente, ou, discriminação de grupos sociais geograficamente localizados, e podem ser motivadas por raça, cor ou classe social.

No meio urbano, o racismo ambiental ultrapassa o indivíduo e chega ao local onde ele vive, os atingidos estão nos piores lugares das cidades e quando estão em áreas valorizadas, são expulsos. Além disso, frequentemente perdem oportunidades de emprego ao informar onde moram.

Entre as maiores consequências desse sistema está o extermínio da população, em especial da juventude, “pobre e preta”, que tem sofrido muito com a violência urbana

Por mais que ainda se negue, as maiores vítimas da violência nas cidades têm cara, cor e classe social.
Um fenômeno nem evolução que requer estudo e interferência do poder público e das instituições que visam melhorar a qualidade de vida das pessoas tanto no campo, como nas cidades.

Orlando Pereira dos Santos –
Secretário de Meio Ambiente da CUT BA

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