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CIDADES

Relacionamentos Tecnológicos e O Poder Do Afeto Virtual

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Esse é o tempo das relações tecnológicas, evidenciadas pela pandemia.

Em verdade, esse é o tempo das relações tecnológicas. É bem real tudo que se vive online, a existência no mundo virtual está para existência no mundo real, como dois está para dois. A pôs-contemporaneidade é o mundo do futuro no presente, as pessoas se comunicam online com a veracidade da comunicação presencial, mesmo que uma parcela da humanidade ainda não viva essa realidade, a parcela que vive gerencia a maioria das tomadas de decisões, que interferem na vida de 100% da humanidade.

Uma decisão online, nas esferas do poder público, por exemplo, traz reflexos na vida do cidadão, que não acessou a tecnologia, em nenhuma área da sua vida, se é que esse cidadão existe, não é mesmo?

As pesquisas realizadas pela AdNews em julho de 2020, registram que crianças e adolescentes conversam mais com a Alexa e a Siri do que com os próprios pais. Os temas da pesquisa envolveram assuntos dos mais simples aos mais complexos, traduzindo desamparo afetivo e solidão. Observem algumas perguntas encontradas na pesquisa: “de onde vem os bebês?”, “conte uma historinha para eu dormir”, “apague a luz”, “como limpar meu quarto”, “que horas eu tenho que dormir”, “ligue para a vovó”, “qual é a raiz quadrada de 369”.

A pesquisadora Sherry Turkle destaca ainda, que as pessoas preferem enviar mensagens de texto ao falar. A melancolia das relações virtuais inibe as emoções, que passaram a ser expressas por imagens, que por vezes, limitam as reações, os diálogos e controlam os relacionamentos dentro de uma padronagem das narrativas, onde supor o que o outro está dizendo é o único caminho para estabelecer o diálogo, o que gera muito ruído nas comunicações, e as vezes interpretações equivocadas.

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Todavia, é o que temos no momento como ferramenta de comunicação, e efetivamente, o afeto virtual é real. Assim, como podemos observar que a solidão virtual, também, afeta o comportamento humano de crianças, adolescentes, jovens e de profissionais de todas as áreas e faixa etária.

Ao enviar uma mensagem e ser ignorado em um grupo de WhatsApp, por exemplo, as emoções do usuário dessas ferramentas é sim sensibilizada. Não podemos ignorar o quanto mecanismos como esses estão traduzindo nossa personalidade, comportamento e espírito de convivência com o diferente.

Para além das questões emocionais, o relacionamento online vem estabelecendo um padrão de comportamento imediatista e que supervaloriza as aparências, as relações afetivas passam a ser pautadas pela modelagem de padrões estéticos e sociais, onde a amplificação do numero de seguidores delimita a influência do usuário, dizendo quem ele é, a partir de estatísticas e métricas, onde o verdadeiro eu do individuo quase nunca é percebido, já que as mascaras sociais o impedem de aflorar revelando quem ele realmente é.

Dessa forma, a busca por relações mais duradouras e equilibradas, tanto no ambiente profissional como pessoal tem sido, para o individuo desse novo normal, um desafio extraordinário, ampliando a ansiedade e solidificando o padrão de vida online, cada vez mais.

Torna-se fundamental o cuidado com a saúde emocional do indivíduo, porque com a chegada do 5G no Brasil, a internet das coisas, certamente passará a ser uma realidade para grande parte da sociedade. Viver online não será algo fora do padrão, mas o padrão.

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Por – Patrícia Lane