CULTURA
TIA EROM – DIA DA MULHER NEGRA LATINO AMERICANA E CARIBENHA – 25 DE JULHO
Em um conversa Franca com Tia Eron, nossa equipe homenageia todas as Mulheres Negras desta Naçao neste 25 de Julho – Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.
*TIA como a senhora vê o papel da mulher negra nesse momento na Bahia e no Brasil?*
Somos a maior parte da população, chefiamos 41,1% das famílias negras e recebemos, no entanto, em média, 58,2% da renda das mulheres brancas. Só ganhamos na verdade, em um fator, somos as que mais morrem no país. Somos a maior parte da parcela do desemprego também. Ser mulher e negra no Brasil não é fácil. O racismo e o preconceito estão cada vez mais arraigados.
*TIA a senhora acredita que premiar mulheres, reconhecer seu valor é uma açao de cunho politico e social ou realmente funciona como reparaçao para a história da Mulher Negra na sociedade?*
Tudo é político na nossa vida. E como não poderia ser? Quando você reconhece a conquista de uma mulher negra você inspira outras meninas, vc possibilita a facilitar a boa luta dando a referência do caminho certo, você dá liberdade de pensamento e de sonho para elas. Um modelo a seguir. Você faz com que elas pensem que podem ser o que quiserem, inclusive parlamentares. Você força a sociedade a abrir cada vez mais espaço, inclusive político para elas. renova o ânimo que faz com que sejamos fortes e vençamos as intempéries com galhardia. Sim, também é um dever nosso como reparação histórica, mas vai além disso.
*TIA fale um pouco sobre sua luta para implantar o Premio da Mulher Negra latino americana e caribenha?*
Pareceu uma loucura para a cidade de Salvador falar primeiro do dia, e depois de uma heroína desconhecida.
Me lembro da saudosa memorável professora Consuelo Ponde que questionou muitíssimo, houve quem *me acusasse de invenção …loucura … falta do que fazer* … enfim percebi que o desconhecido acirra o preconceito e o racismo. Mas resolvi comprar a briga através da provocação da ativista Monica Kalile cuja fundamentação estava no estudo acadêmico da professora renomada Enyr Cleide Vasconcelos por 8 anos na faculdade Olga Meeting. Como já nasci apanhando, suportei a sola até da imprensa, motivos de risinhos, comentários esdrúxulos, ridicularização, resistência, tudo !!!!
Para ver o Dia da Mulher Negra, junto ao Premio Maria Felipa cravado, lacrado com força de lei, e como lei obriga-se que se cumpra, ou seja, é imperioso que se faça reconhecendo a mulher negra no panteão das heroínas brasileiras e essa com maior significado que preconceituosamente escapou das mãos dos estudiosos. Provei a história de Maria Felipa através da sua quarta geração viva na ilha de Itaparica até os dias atuais e só em relembrar me faz forte de novo!
*TIA como está hoje sua relação com as comunidades quilombolas e afro descendentes da Bahia?*
Acompanho de perto as necessidades e lutas do meu povo. Sempre foram prioridade em meus mandatos e enquanto secretaria conversei com cada um e elaborei uma política de inclusão e melhoria de vida para essas comunidades. Infelizmente com a nova gestão não devem ser aplicadas. Mas isso não significa que vão ser esquecidos por mim. A minha luta sempre foi por eles. Tenho sonhos que consegui transformar em projetos e que se Deus permitir vão sair do papel e salvar vidas.
*TIA esse governo atual tem politicas publicas especificas voltadas para as demandas da Mulher Negra?*
Não. Na minha gestão existia em produção um projeto específico. Com a minha saída isso foi perdido.
*TIA genero e raça se entrelaçam ou são discriminações distintas?*
Gênero e raça se entrelaçam completamente. A mulher negra sofre duplamente o racismo por ser negra e o preconceito por ser mulher.
*TIA o uso exarcebado de inumeras instituiçoes do nome de um premio tao respeitado como este que premeia a Mulher Negra Latino Americana e Caribenha beneficia a causa ou banaliza a relevancia do prêmio?*
O prêmio é de extrema importância. Isso deve ser sempre relembrado. Independente de quem utilize da bandeira, há de se abordar o fato com todo o respeito que merece, dessa forma, ampliar a luta e reconhecer personalidades negras só pode beneficiar toda a comunidade.
*TIA como a senhora percebe o futuro da Mulher Negra na Bahia hoje?*
Precisamos ocupar os lugares que são nossos, mas que não nos permitem ocupar. Nosso estado, que é negro, deveria achar comum que mulheres negras ocupem espaços de poder na política. Mas não é isso que vemos. No estado, temos uma deputada negra e a nível federal, nenhuma. No município, duas vereadoras. No judiciário, os números também são desanimadores. Mesmo quando essas mulheres chegam ao poder existe a força invisível que tenta nos calar, nos matar, nos anular. Isso não só na Bahia, mas no Brasil como um todo.
*TIA como seus eleitores podem acessar seus planos para o futuro e continuar a caminhada ao seu lado?*
Através das minhas redes sociais e do meu site, mantenho um canal de diálogo contínuo e direto com todos os baianos que confiaram em mim.
Reportagem: YASMIM THASLA